(A Floresta por Adriana Janaína Poeta/ CPF.:01233034782/ 2011) https://www.facebook.com/adrianajanainapoeta @clubedeleiturap Niterói/RJ - Brasil


Grande oca, na clareira, eu vejo.
Curumins e guerreiros,
pajé, índias sábias.
Cacique e Tupã,
avisto sob a claridade
da lua cheia.
Altas e centenárias árvores
dobram seu corpo,
protegendo com as  suas copas frondosas,
mãos fortes e generosas,
a floresta mãe.

Grande oca, na clareira, encontro,
a palha prateada ao luar.
Tênue neblina passeia entre a tribo,
trazendo os ancestrais cavalgando
no seu dorso.
Muitos olhos me veem,
outras vozes eu escuto.
Cantos longínquos chegam até mim.
Chocalhos e lanças sagradas,
todas as cores da guerra e urucum.
Todos os símbolos traçados,
indicando um mundo oculto e sagrado,
presente e real, no seio da mata.
Posso ouvir o sussurro das árvores,
toda a vida que pulsa e grita na floresta.

Cada flor, cada folha,
todo fruto, o caule e a vida,
que esparge na água do rio,
mergulha no alto da cachoeira,
desaba na chuva durante metade do ano.
Meu ser alcança essa dança e ritmo,
que vibra agora em cada átomo.
Meu ser se funde e pulsa,
no coração da floresta.
Sou agora um nativo de olhos de jaguatirica.
Sou como a coruja branca,
erguendo as suas asas para a lua.
Sou como o peixe e a água,
um só corpo no seio da mãe.

Crepitante, arde a lenha na fogueira,
a noite toda,
enquanto ouço o canto do uirapuru.
Boitatá e Yara,
passeiam livres dos olhares profanos.
Sou agora como a chama dançante,
como o galho da árvore,
o mato na terra.
Sou o uivo do vento,
a música no riacho,
o sorriso do curumim.
Sou a fumaça no cachimbo do pajé,
os grãos que dançam dentro do chocalho sagrado,
sou o bailado e a noite.

Estou agora dentro da grande oca.
Meus ancestrais me saúdam e recebem.
Meu nome é então revelado,
e todos dançam, entoando o mesmo canto.
Sou agora a tribo e a terra,
a neblina e a estrela mais alta.
Vivo na floresta, e a floresta vive em mim.
Meu ser é agora, a mão que se abre em copa
no topo das árvores,
protegendo a vida que pulsa e vibra na mata.
Meu olhar felino brilha na noite,
e atravessa o dia.
(A Floresta por  Adriana Janaína Poeta/ CPF 01233034782/ 2011)
https://www.facebook.com/adrianajanainapoeta
@clubedeleiturap
Niterói/RJ - Brasil

Comentários