De cima do palanque,
de cima da alta poltrona estofada,
de cima da rampa,
olhar de cima.

Líderes, o povo
não é paisagem,
nem mansa geografia,
para a voragem
do vosso olho.
Povo Polvo.
Um dia.

O povo não é o rio
de mínimas águas,
sempre iguais.
Mais fundo, mais além,
e, por onde navegais,
uma nova canção
de um novo mundo.

E, sem sorrir,
vos digo:
- O povo não é
esse pretenso ovo,
que fingis alisa.
Essa superfície,
que jamais castiga
vossos dedos furtivos.
Povo. Polvo.
Lúcida vigília.
Um dia.
(Por Hilda Hilst)
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Na foto: Hilda Hilst

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