Os eventos literários por Adriana Janaína Poeta/ Editorial Brasil

Vou mencionar hoje uma questão importante, que poucos teriam coragem de abordar, sendo escritora, jornalista e editora, o que sou. Os eventos literários oficiais.
Eu sempre ouvi, desde muito jovem, que esse ou outro setor domina o mundo. Que são os bancos, os partidos políticos, os sindicatos, etc. Mas, na verdade, de forma as vezes imperceptível, sutil, porém profunda e duradoura, a Literatura, genuína, inspirada, autoral, sempre definiu os bons rumos da humanidade.
Tudo o que o ser humano cria, primeiro idealiza. Construções, sistemas, e assim por diante. O mundo gira, e são as nossas ideias que formulam o que acontecerá dentro dele. Daí a importância do ato de pensar. A literatura é isso, muito mais do que sentir, é pensar. E isso não é tarefa para todos, porque nem todos estão aptos para alcançar do alto o que não pode ser visualizado no vale, na multidão.
Pensar é um ato solitário, na sua essência. É, inicialmente, contemplativo. Depois iniciamos a tarefa de traduzi-lo, ofertando ao mundo. Esse processo, momento único, intransferível, inimitável, é inerente as pessoas muito especiais.
Essas pessoas, na totalidade dos casos, não se vangloriarão do fato. Também não abrirão mão, sem danos, da autoria.
No Brasil, é notória e lamentável, a trajetória decrescente da qualidade da maioria dos eventos, dito oficiais, de Literatura. Porque, embora tenhamos muitos talentos e pensadores, falecidos e vivos, a Política se imiscuiu de tal forma desnecessária, que esses são preteridos.
Não é de estranhar que o mercado literário esteja, como grande parte dos setores no Brasil, em crise. Não se trata apenas de crise financeira, é moral.
Para ser escritor, não basta escrever, é preciso conteúdo. Para ser exemplo, liderar, é necessário ser.
Nos tempos de Internet e Globalização, não é possível apenas fazer mímicas, imitar. Não basta o discurso, pronto, com ideologias ensaiadas, para repetir e causar mais separações, transvestidas de defesa de direitos. Os excluídos de hoje não são apenas meia dúzia, somos todos nós. O mundo vive em guerra, só não enxerga quem não quer.
Precisamos resgatar valores que jamais deveriam ter sido esquecidos, porque são as bases da Sociedade, alicerces para o país.
A Literatura tem tudo a ver com isso.
Os organizadores e empresários, os representantes do Governo, envolvidos na questão, precisam despertar para isso.
Ninguém ganha publicando ou propagando porcarias. Literatura é algo sério para as Nações desenvolvidas. Por um bom motivo.
A Literatura nada tem a ver com pirotecnias e poses. É essência, é verdade. Visão aguçada do semelhante, do mundo, passado, presente e futuro. Na poesia estamos desenhando os novos rumos para a humanidade, embora poucos percebam na época em que isso é feito.
É tarefa hercúlea, para poucos. Não tem como copiar. Um autor, autora, de verdade, é ímpar.
Quanto mais os organizadores e idealizadores e eventos se distanciarem disso, menor será o lucro, e mais vazios serão os ditos festivais literários, que se multiplicam, apáticos, pelo Brasil.
(Os eventos literários por Adriana Janaína Poeta/ Editorial Brasil)

Comentários