A dor de ser por Adriana Janaína Poeta/ in As Moiras

É uma dor, as vezes,
ser Poeta!...
É uma lança,
apontada e forte...
É ser tão oco,
e cheio,  escuro.
E ter mil abismos
e em cada um,
um poema...

É uma dor,
as vezes, ser Poeta.
É um mar imenso
que vem e nos arrasta,
sem nunca, jamais,
perguntar:
- Quer ir?...

E nesse arrasto
nos leva,
sempre tão longe,
tão fundo
e tão alto no ar.
E nos castiga de emoções
que mastigam nossa alma,
sem parar...

É sempre tão intenso
sentir a palavra
burilando no verso,
e correndo de um lado para o outro,
enquanto segura firme
a nossa mão.
E grita através de nós,
e urra de dor e de revolta,
de alegria e de amor,
de saudade e de desejo,
gemendo sílabas de dores...

E somos esta flauta doce
que o vento poesia toca,
e tira as notas que quer.
E depois,
vazios de nós mesmos,
ocos de silêncio,
loucos de divindade,
esperamos que  o vento
volte a soprar...

É uma dor amável
e suave,
antiga e afiada,
feito a ponta de uma Espada...
Ser a pedra escolhida
para a poesia modelar.
Como vibra no fundo da Anima
o universo que canta
em seus dedos versos!...

É uma dor...
É pujante e inesquecível
ter todas as notas
repercutindo em cada célula,
como se o corpo se unisse,
de repente, com as Musas,
enquanto elas executem
o que deve ser.
Feito o sol que invade
o que resta da noite,
ao amanhecer...
(A dor de ser por Adriana Janaína Poeta/ in As Moiras/ Clube de Leitura dos Poetas)




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