Poesia e espanto por Adriana Janaína Poeta/ in As Moiras

Olho para este mundo desconfiada,
com espanto.
Como  fazia
ainda menina.
Nada mudou.
As paisagens,
lindas e coloridas,
mas o ser humano...
Tão igual ao que era,
tão perto do abismo,
tão ausente de sentido...
Assim, este mundo,
estranho e ocre,
onde colho e planto
minha poesia,
onde rego com lágrimas,
e revolvo a terra
com estrofes e  palavras...
Vai seguindo o caminho...
E não sei qual o caminho
deste mundo bizarro.
Os erros estão nele
repetidos e velhos.
As partidas são as mesmas
no tabuleiro no meio da praça.
As cabeças...Flutuam,
olhares vazios e dentes expostos.
Gamelas limpas, dados revolvidos
e sino repicando nas Igrejas.
É meio dia...
São seis horas...
É meia noite...
Mas, não importa.
A cegueira domina o mundo.
Os ouvidos não escutam
e os passos seguem,
rebanho obediente  na sina.
Mas, tenho os versos
e encho minha taça
e a minha gamela com eles.
Eles me vestem,
e me fazem companhia.
De manhã me despertam,
mal nasce o sol.
A noite me cobrem
para me abrigar do frio.
E são meu chão,
meu ar,
meu violão.





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