Trama de fios por Adriana Janaína Poeta

    Existem muitos mitos a respeito da vida, essa trama de fios tecida dia a dia, feita de escolhas, gostos, memórias, afinidades, aptidões, inclinações...Mas também do entrelace ou encontro com os caminhos e tramas dos outros.
    Como seres humanos, temos uma tendência natural para tentar simplificar e classificar tudo. Nosso mundo e o universo que nos cerca, tudo ainda permanece envolvido em mistérios. A maioria das nossas certezas, não são nada além de suposições, divagações ainda não provadas.
    Aprendemos algo ontem, e hoje ao abrirmos os jornais, lemos que não era bem assim, uma descoberta tornou a certeza de ontem um engano de alguém.
    Hoje, ovo é prejudicial a saúde, amanhã aconselharão a comer uma dúzia! Ontem um próspero empresário, depois, o rei de um castelo de cartas.
   Verdades, verdades, verdades...
    Na busca de rotular tudo e definir essa montanha russa que é a vida e a psique humana, nascem os ditos populares. Com o tempo, são consolidados irrefutáveis pela maioria, depois viram preconceitos, estereótipos inseridos na nossa sociedade, e geralmente se baseia em informações limitadas sobre um determinado assunto.
    É sempre mais fácil não pensar, pega-se um rótulo que é propagado e pronto.
    O problema é que de todos os preconceitos surgiram e continuarão surgindo todos os conflitos, enganos e guerras. O preconceito contra raças e etnias, contra gêneros e opções sexuais ou religiosas,  em alguns lugares existe até mesmo preconceito contra nacionalidade!
    Esquecemos que somos todos seres humanos, corre sangue vermelho dentro das nossas veias, independente de cor da pele, opções sexuais ou religiosas, nacionalidade ou gênero. Somos humanos.
    Não importa se homens ou mulheres, se nascemos ou moramos na China ou no Brasil, na favela ou no asfalto, no campo, montanha ou cidade...
    Enquanto os rótulos nos bastarem, estaremos com nossas mãos e pés atados. As janelas continuarão cerradas, as portas continuarão trancadas.
    Não é o que somos, a  embalagem com prazo de validade, mas quem somos realmente que importa. Isso levaremos conosco para onde quer que formos. Se não somos seres humanos razoáveis, e quando digo isso não digo perfeitos, apenas sensatos e coerentes com nossos pensamentos e atos, não importa se somos homens ou mulheres, se seguimos ou não alguma religião, se nascemos aqui ou ali, se gostamos disso ou daquilo...
   Se não pudermos ser pessoas, seres humanos melhores, evitando causar danos e males ao nosso próximo, por ambição, interesses ou ódio, por preconceito ou simplesmente por ceder a maldade, para favorecer um ou outro, mesmo cientes que estão errados, o que seremos?
    Se não respeitamos aqueles que dependem de nós ou são indefesos, sejam as crianças ou os animais, os mais necessitados, quem sofre injustiça,  e o meio ambiente, do qual inclusive dependemos, o que somos?
    Não importa se somos fulano ou ciclano, onde estamos ou o que temos.
    Temos que aprender a fugir dos rótulos, sempre que seres humanos estiverem envolvidos. Não somos fáceis, de toda a criação, somos os mais complexos. Como os dedos da mão, todos somos diferentes, ninguém é igual a ninguém.
    Apenas o senso de responsabilidade com o próximo e com o que nos rodeia, pois tudo está conectado, pode salvar o ser humano de si mesmo. Isso não requer nada além de uma mente clara e um coração tranquilo, basta vontade e independe de qualquer coisa ou fator externo.
    De todos os ditados mais estúpidos, existe aquele que diz que "Coisas ruins acontecem para as pessoas ruins". Se formos levar ao pé da letra, todas as consideradas boas pessoas que sofreram, eram pessoas ruins. E a lista é grande, de Jesus a Martin Luther King...
    A vida é uma trama de fios, não apenas os nossos, mas os que encontramos pelo caminho, os fios enredados aos nossos.
(Trama de fios por  Adriana Janaína Poeta​)  .
Leia. Apaixone-se.
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